Texto: Lúbia Pedrosa Pereira – CRP 01/22740
O significado de ser adotado chega de forma diferente para cada criança, porém, em geral, ocorre uma certa sequência em função do desenvolvimento cognitivo, emocional e social, assim como do texto sócio-cultural em que a criança está inserida.
Alguns autores defendem a existência de dois períodos de maior sensibilidade para criança. O primeiro seria em torno de 6-7 anos, quando grande parte das crianças compreendem o vínculo biológico entre pais e filhos. E o segundo seria na adolescência, quando emerge a busca pela identidade.
Segundo Silva (2003), o desenvolvimento humano não é singular, mas sim, dinâmico, complexo e plausível de constantes transformações. O ser humano é considerado como um sujeito múltiplo e não apenas como produto/objeto de sua história; ele tem condições de transforma-se ao mesmo tempo em que transforma o meio que a constituiu.
É importante dar o direito da fala para a criança e ao adolescente em relação a sua história de vida, assim como a de suas famílias. Pensando nesse contexto, a questão da revelação da adoção é um processo a ser explorado ao longo de todo ciclo da infância e da adolescência e não somente como um episódio único. Nem sempre a criança ou o adolescente entende o que está acontecendo, nem tão pouco sente-se protegido com a adoção. Então, em alguns casos será que a adoção seria a melhor opção? Pensar na questão da adoção de crianças e adolescentes hoje, representa refletir no sentido de re-significar valores, desmistificar crenças limitantes e reconsiderar, acima de tudo, o interesse da criança e do adolescente que, conforme prescreve o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente (Cap. III, Art. 19), “[…] tem o direito de ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta […].”
Referencias:
SILVA, A. P. S. Continuidade e descontinuidades de si na narrativa de homens que tiveram envolvimento com o crime. 2003. 185 f. Tese (Doutorado em Ciências, área Psicologia) – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, 2003.