Por Profª. Pós-Drª. Rafaela de Almeida Schiavo CRP/0693353

Ao trabalhar com casais tentantes ou que pretendem adotar é importante REFLETIR sobre a seguinte pergunta: “desejo ser mãe/pai ou quero ter um filho?” Pois, são coisas DIFERENTES. Muitos casais NÃO querem SER pais, querem TER um filho. 

Ter um filho muitos tem e FANTASIAM isso, mas nem todos que sonham ter um filho se imaginam no papel de pai e mãe. Ser pai e mãe implica em MUITAS responsabilidades, até mesmo em se abster de algumas vontades e coisas para si mesmo. 

adultos que são como adolescentes, que apesar de adultos não trabalham, moram com os pais e muitas vezes os encontramos na clínica com dificuldades que envolvem o fato de não conseguirem crescer. Muitas dessas pessoas desejam ter um filho, mas não relatam o desejo de ser pai e mãe, algo que implica em RENUNCIAR desejos, pelo menos por um tempo. Nem sempre você DORMIRÁ a noite inteira, as PREOCUPAÇÕES do filho se tornam suas, pois os pais são auxiliadores, envolve DEDICAÇÃO, acompanhar TODO o processo de escolarização e diversos outros DETALHES que precisam ser pensados ao fazer essa escolha. É IMPORTANTE falar sobre esse assunto com os casais levando em consideração essa REFLEXÃO. 

Alguns casais ao procurar por ADOÇÃO de uma criança PREFEREM por bebês ao invés de uma criança maior com 4 ou 5 anos de idade, justamente porque tem a CRENÇA de que poderá criar da sua forma sem que a criança tenha uma história anterior. Isso é um MITO, afinal filhos biológicos também não são do jeito que os pais querem, nem sempre nascem de nove meses, nem sempre as oportunidades que os pais desejam é a mesma que o filho almeja e assim por diante.

Algumas pessoas realmente não se imaginam parando a sua vida para encaixar uma criança e ser MÃE e PAI, cogitam a possibilidade de contratar uma BABÁ para cuidar e fazer todas as coisas, mas é necessário, nós trabalharmos a responsabilidade do que é ser pai e mãe, e o que é ter um FILHO.

Essa pergunta em momento oportuno faz com que os casais respondam o que REALMENTE desejam, muitas veze se compreende que o desejo é apenas MOSTRAR para a sociedade que são uma FAMÍLIA TRADICIONAL, ou, porque os pais desejam ser avós, para agradar o parceiro, para provar para outras pessoas que são comuns e normais, quando na realidade não tem filhos porque não tem o desejo de ser mães e pais, porém é DIFÍCIL e ruim falar sobre esse assunto, pois é DOLOROSO e provoca incômodo, ter contato com essa REALIDADE nem sempre é simples e agradável.

Antes da década de 80 no Brasil quando ainda não havia o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) ao saber que alguém estava grávida e não queria o filho, outra pessoa adotava por caridade devido ter boas condições FINANCEIRAS. Outros motivos como INFERTILIDADE também ocorria e era MUITO comum adotar não pelo desejo de ser pais e mães, tanto que houve diversos casos de VIOLÊNCIA e muitas crianças acabavam ficando como mão de obra em troca de alimentação e moradia 

Com o ECA e às novas diretrizes esse cenário de adoção mudou, porém ainda  existem famílias que adotam crianças e desistem pedindo para DEVOLVER a criança para o abrigo, pois somente quando vivenciaram a MATERNIDADE REAL perceberam que não querem ser mãe ou pai, algo que é de extrema importância ser INVESTIGADO antes da adoção para identificar as FANTASIAS dos casais sobre o que é ser mãe e pai. 

Há também fantasias de não poder contar para a criança que ela é adotada, ou então acreditam que a criança possa ter uma personalidade com maldades ou características negativas dos pais biológicos e que consequentemente AFETARÁ a nova família e criação. São exemplos de falas que precisam de ATENÇÃO por parte dos profissionais, a criança PRECISA SABER que é adotada e que por algum motivo os genitores foram destituídos do pátrio poder, sendo a família adotiva a que assumiu as responsabilidades e cuidados. 

Ao trabalhar com esse público é importante refletir a PRINCIPAL QUESTÃO que permite despertar nos sujeitos um posicionamento ESCLARECIDO sobre a sua REAL intenção por meio da pergunta CHAVE: “você quer ser mãe ou quer ter um filho? Você quer ser pai ou quer ter um filho?”.

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