Por Profª. Pós-Drª. Rafaela de Almeida Schiavo CRP/0693353

Ainda existe em nossa sociedade a falta de sensibilidade e compreensão diante ao luto de pais e mães que perderam seu filho ainda durante a gestação. Muitas vezes por não saber lidar com a situação profissionais da saúde acabam agindo de forma INSENSÍVEL. É comum que pais passando por luto de perda fetal escutem de profissionais, frases como: “Vocês ainda são muito novos, logo terão outro”; “Foi melhor assim, poderia ter acontecido coisa pior” e ainda “Foi Deus que quis assim”.

É extremamente comum o sentimento de culpa em mulheres que perderam seus bebês durante a gestação. No início da gestação, como a maioria não é planejada, saber que se está grávida causa um grande conflito psicológico e muitas vezes o desejo de perder o bebê passa pela cabeça destas mulheres, e quando isso de fato ocorre, elas se culpam por esse desejo inicial.

O luto perinatal, é um luto muitas vezes invisível, e não autorizado. Parentes e amigos, às vezes acabam sendo cruéis ao não compreender como é que perder um feto que ainda nem se sabia o sexo, ainda não tinha nome ou coisas desse tipo pode afetar tanto as emoções dos pais.

Mas o fato é que o casal não perdeu um feto, mas o filho. O filho não existe apenas no momento do nascimento, ou da notícia de uma gestação. O filho existe no imaginário dos pais anos antes da gestação de fato acontecer. Desde crianças muitas pessoas já pensam sobre como serão seus filhos e como se comportarão como pais.

Não existem palavras que possam ANESTESIAR o sofrimento do luto, o casal precisa chorar, pensar e sentir esse momento, pois a tristeza tem sua funcionalidade. Há casais que precisarão de algumas semanas, outros de meses e assim dependerá de cada pessoa. A intervenção positiva do psicólogo é o acolhimento da dor e não o retirar dela, é o abraço que pode fazer toda a diferença, é a escuta qualificada e o espaço para a ELABORAÇÃO do luto no tempo dos pais.

O psicólogo deve compreender que nem sempre a mulher deseja esquecer, pois, muitas vezes esquecer significa que não dói mais e essa mãe não quer deixar de sentir pelo menos um pouco dessa dor como forma de mostrar a si mesma o quanto isso foi  impactante para ela.

Quarto separado pode ser HUMANIZADOR a medida que os pais que perderam seus filhos não fiquem no mesmo ambiente em que outros pais estão recebendo os filhos que nasceram bem. Colocar sinais como figuras de borboletas nas portas dos quartos do hospital/maternidade que comunicam de forma geral a todos os profissionais que ali há pais que perderam seus bebês.

Se a morte do bebê aconteceu após 28 semanas de gestação é possível que o casal faça a despedida com rituais, coloque roupa, guarde uma mecha do cabelo, tire uma foto ou tenha a possibilidade de passar algumas horas com o bebê, o profissional respeitoso com a situação POSSIBILITARÁ condições para que essas ações possam ser realizadas no hospital e isso auxiliará na elaboração do luto.

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