Por Sarah Stephany Souza Psicóloga Perinatal ( Instituto MaterOnline) CRP /06 14906
Amamentar prematuros é sem dúvida um desafio. Estes bebês apresentam imaturidade fisiológica e neurológica além de controle inadequado da sucção-deglutição-respiração. Muitas mães sentem-se pouco confortáveis em lidar com esses bebês tão pequenos e delicados, e podem concluir erroneamente que são incapazes de amamentá-los nesse momento (GORGULHO e PACHECO, 2008).
A amamentação é muito importante para a vinculação da díade mãe-bebê, e mais que isso, é a principal fonte de alimentação do bebê. Winnicott (1945/1977) também compreendeu que a amamentação é uma questão pertinente à relação mãe-bebê, distinguindo-se das demais formas de nutrir. Segundo o autor, espera-se que a mãe, com seu seio, além de alimentar, ofereça alento ao seu filho. Nesse sentido, a amamentação pode ser uma via privilegiada para apaziguar a angústia do bebê, aproximando-se da continuidade intrauterina.
A condição emocional da mãe interfere diretamente na produção do leite, é fundamental que ela tenha o apoio da família, do companheiro(a), e dos profissionais de saúde.
Para muitas mulheres, este processo constitui uma experiência única que gera expectativas, dúvidas e apreensão. Portanto, uma experiencia será sempre diferente da outra, o fato do seu leite parecer diferente de outra mãe não quer dizer que não é bom o suficiente para o seu filho(a), cada organismo vai produzir a quantidade de acordo com a sua necessidade, passando por essas 3 fases.
- Colostro: Tem um aspecto viscoso é amarelo, possui um alto valor nutritivo, pois ele transmite ao bebê os anticorpos da mãe. O colostro é rico em imunoglobulinas, vitamina E, vitamina A e colesterol. Sua composição é laxativa, o que favorece a liberação do mecônio (fezes do recém-nascido).
- Leite de transição: Para o crescimento e desenvolvimento do bebê essa composição é alterada se tornando mais rica em nutrientes e gordura. A quantidade de leite aumenta entre o 6° e o 15° dia após o nascimento do bebê.
- Leite Maduro: é produzido após o 15º dia do nascimento do bebê podendo mudar de aspecto de acordo com as necessidades do bebê, nele contém todos os nutrientes necessários para seu desenvolvimento cognitivo e físico.
O importante é confiar no seu organismo e sempre que tiver dúvida procurar ajuda de um profissional qualificado, o esclarecimento e o desejo de amamentar da mãe interferem fundamentalmente no êxito dessa ação. Segundo Winnicott (1994), a amamentação pode se constituir em uma vivência significativa tanto para a mãe quanto para o seu bebê, tendo-se em vista que o contato do seio materno com a boca da criança favorece uma experiência de intimidade e união, propiciando assim satisfação, prazer e sensação de completude para a dupla envolvida. Contudo esta vivência somente se torna possível quando, efetivamente, a mãe possui o desejo real e a disponibilidade interna para amamentar (Winnicott, 1982, 1994).
Referencias:
BAIÃO, MR, & DESLANDES, SF. (2006). Alimentação na gestação e puerpério. Revista de Nutrição, 19(2), 245-253.
GORGULHO, F. D. R.; PACHECO, S. T. D. A. Amamentação de prematuros em uma unidade neonatal: a vivência materna. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v.12, n.1, p.19-24, 2008.
WINNICOTT, D. W. (1977). Alimentação do Bebê. Em A criança e o seu mundo (4ª ed., pp. 31-36). Rio de Janeiro: Zahar. (Originalmente publicado em 1945a).
WINNICOTT, D. W. A criança e o seu mundo. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1982.
WINNICOTT, D. W. Os bebês e suas mães. São Paulo: Martins Fontes, 1994.