Por Bárbara Góes CRP03/15900
O leite materno, sem dúvidas, traz muitos benefícios para a saúde do bebê, considerando-se o alimento ideal por suas vantagens nutricionais, ele ainda propicia um crescimento saudável, favorece a redução da mortalidade infantil e exerce papel importante no funcionamento imunológico contra infecções e outras doenças comuns na infância, sendo fator prioritário para a promoção e a proteção da saúde infantil. Pode-se citar também importantes implicações para a saúde materna, como: o favorecimento da recuperação pós-parto, a involução uterina e a diminuição do sangramento; a redução na probabilidade de incidência de câncer de mama, além de propiciar maior espaçamento entre as gestações.
Agora falaremos dos benefícios psíquicos e sociais envolvidos. Como muitos ainda confundem, amamentar não é um ato instintivo para a mulher como é para o bebê. O ato de amamentar necessita de muito aprendizado e não é fácil para todas as mulheres. Na realidade muitas mulheres enfrentam dificuldades no ato de amamentar. São questões físicas, psíquicas e sociais envolvidas.
Cada mulher tem uma história, e tudo em sua volta acaba influenciando tanto na escolha por amamentar como por não amamentar. E essa escolha vai muito além do biológico, é uma escolha social, cultural e emocional. De acordo com MALDONADO (2020), quando uma mãe escolhe a maneira em que vai alimentar seu bebê, revela influências do seu estilo de vida, da sua história pessoal e da sociedade em que vive.
MALDONADO (2020) afirma ainda que a amamentação não é apenas um processo fisiológico de amamentar o bebê, é também uma excelente oportunidade de aprofundar o contato e suavizar a separação provocada pelo parto.
É justamente a oportunidade de maior envolvimento e aprofundamento afetivo que faz com que a amamentação seja vivenciada de forma tão assustadora por muitas mulheres. Para elas, a mamadeira simboliza um objeto intermediário que lhes dá a segurança de evitar um grande envolvimento. Sentir-se presa por precisar modificar de maneira parcial e temporária o próprio estilo de vida por causa da amamentação revela o medo de se ligar intensamente na relação. Para essas pessoas o desenvolvimento afetivo e as grandes mudanças trazem o perigo de fusão com o outro e de perda da própria identidade (MALDONADO, 2020).
Segundo Winnicott (1994), a amamentação pode se constituir em uma vivência significativa tanto para a mãe quanto para o seu bebê, tendo-se em vista que o contato do seio materno com a boca da criança favorece uma experiência de intimidade e união, propiciando assim satisfação, prazer e sensação de completude para a dupla envolvida. Contudo esta vivência somente se torna possível quando, efetivamente, a mãe possui o desejo real e a disponibilidade interna para amamentar.
Embora tenha enfatizado tanto a importância da amamentação, o mesmo autor pondera que o sentimento de obrigação de amamentar, o convencimento ou a imposição dessa prática às mães podem trazer mais prejuízos do que benefícios, em função de se organizar um espaço de conflito e ansiedade, principalmente para aquelas mães que se sintam impossibilitadas de amamentar, por inúmeras razões internas e, ou, externas, conscientes ou não. Nestes casos, isso poderia funcionar como um dos elementos que contribuiriam para dificultar a prática da amamentação prazerosa, gerando condições desfavoráveis ao estabelecimento do tipo de vínculo necessário entre a mãe e o seu bebê.
Podemos observar que a amamentação representa um grande fator de construção de vínculo emocional entre o bebê e sua mãe, gerando segurança e autoconfiança para essa criança e futuro adulto. Mas, para que isso aconteça de forma saudável e tenha bons resultados, a amamentação deve ser vivenciada de forma prazerosa e livre de traumas tanto para a mãe como para o bebê.
Enfim, a amamentação deve ser estimulada sim, pois como visto, traz inúmeros benefícios à saúde da mulher e do bebê, mas a situação deve ser observada e analisada de forma particular, de acordo com o contexto de vida de cada família, que precisa ser acolhida e entendida sem julgamentos. Por trás de uma mamadeira também existe muito afeto, e isso é o mais importante.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
MALDONADO, M. T. Psicologia da gravidez. São Paulo: Ideias&letras, 2020.
WINNICOTT, D. W. Os bebês e suas mães. São Paulo: Martins Fontes, 1994.