Por Dra Giselle Caroline Fuchs CRP 12/09967 – 08/IS-448
Através de pesquisas atuais é possível afirmar que alterações emocionais maternas durante o período de gravidez é muito frequente e com alta prevalência no Brasil, visto vez que 60% das gestantes apresentam sintomas de estresse, 36% apresentam sintomas de alta ansiedade e 22% sintomas de depressão (SCHIAVO; CASTRO, 2020).
Com esses dados torna-se eminente a necessidade de realizar avaliação específica com as gestantes para investigar as alterações emocionais e com o resultado planejar a atuação psicológica adequada.
Os instrumentos restritos ao uso do psicólogo que avaliam ansiedade, depressão e estresse não são voltados às gestantes, a maioria são direcionados a população geral. Estes instrumentos podem não investigar todas as necessidades que a gestante vivencia, pois a gestação trás em si peculiaridades físicas, sociais, emocionais, psicológicas, hormonais, laborais diferentes dos demais grupos populacionais. E então, deixam de investigar necessidades ou supervalorizam questões que são “normais” ou esperadas durante a gestação, trazendo inadequações nos resultados.
Atualmente há alguns instrumentos desenvolvidos para aplicação específica em gestantes, mas não de uso restrito do psicólogo, são eles: Triagem Psicológica para Aplicação em Gestantes – TPAG, Modelo de Schiavo para investigação em psicologia perinatal e o Instrumento de Rastreio para Sintomas de Ansiedade Gestacional (IRSAG).
O instrumento de Triagem Psicológica para Aplicação em Gestantes – TPAG (SCHIAVO, 2021a) identifica sinais de alerta para alterações emocionais significativas em cada trimestre gestacional, permitindo compreender os principais pontos que devem ser trabalhados no atendimento individual ou em grupo com gestantes.
O Modelo de Schiavo para investigação em psicologia perinatal (SCHIAVO, 2021b), realiza um levantamento das percepções mais abrangentes da própria gestante, investigando todas as questões envolvidas na gestação, como biológicos, sociodemográficos, contexto gestacional e história de vida.
Já o Instrumento de Rastreio para Sintomas de Ansiedade Gestacional (IRSAG) desenvolvido por Schiavo e Brancaglion (2021c), que foi adaptado da Escala de Ansiedade, Traço/Estado (IDATE), do Inventário de Sintomas de Stress de Lipp (ISSL) e da Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgh (EPDS). “O Instrumento de Rastreio para Sintomas de Ansiedade Gestacional (IRSAG) é um instrumento de autoaplicação para gestantes em todas as idades, composto por uma escala que objetiva avaliar ansiedade gestacional em qualquer trimestre da gravidez” (SCHIAVO; BRANCAGLION; 2021, p. 16889-16890).
Percebe-se que esta é uma necessidade nova, que nos últimos anos tem gerado maior preocupação e consequentemente olhar para esse público. No entanto, é necessário que haja mais profissionais interessados em estudar e desenvolver instrumentos que sejam específicos para aplicação na população gestante e que apliquem os instrumentos existentes para que se comprove sua efetividade.
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