Por Fabiane Espindola De Assis
Psicóloga Perinatal (Instituto MaterOnline) CRP 18/03893

O ciclo gravídico puerperal é marcado por diversas alterações significativas na vida do casal em todos os âmbitos, envolvendo a vulnerabilidade psíquica da mulher entre as mudanças físicas e emocionais.
O momento do parto é a concretude da fantasia, geralmente envolto de muita expectativa e medo, por isso é comum as gestantes terem receio do sofrimento para dar a luz e a insegurança que esse momento trás de como vai ser a vida depois que o bebê nascer, se irá dar conta de exercer a maternagem (BORTOLETTI et al., 2007). 

A Psicologia Obstétrica é caracterizada como uma área da Psicologia que atua no momento do parto visando oferecer o acompanhamento psicológico a parturiente e seu acompanhante, zelando pela saúde metal de ambos e realizando as intervenções que forem necessárias.
O acompanhamento psicológico propicia um espaço de escuta para que a família possa nomear e atribuir significados a tal situação, identificando os gatilhos emocionais que possam influenciar o bem nascer, facilitando modificações comportamentais necessárias, minimizando o sofrimento, facilitando a tecelagem do vínculo e realizando o encaminhando caso haja necessidade de maiores cuidados no pós-parto (CERAVOLO, 2019). 

Nos casos em que há anomalias, erros e intervenções de emergência durante o parto, tais notícias podem ser recebidas como um grande choque pelos pais, que muitas vezes entram em pânico. Estes podem sofrer muito com o sentimento de perda do bebê saudável, perder a confiança na medicina e nos médicos e também pode impactar diretamente, no âmbito emocional, em sua própria capacidade de produzir um bebê normal.
Nos casos em que a elaboração do luto é necessária, os pais, normalmente, passam por algumas fases: choque, pânico, negação, tristeza, culpa, raiva, barganha e aceitação. Por esses e outros fatores se dá a importância da psicóloga obstétrica, ainda no Centro Obstétrico, podendo auxiliar de maneira imediata neste processo; trabalho que inclui a promoção de saúde evitando o adoecimento psíquico.
A Psicóloga Obstétrica pode iniciar o seu trabalho com a parturiente durante a fase ativa para a preparação da chegada ou despedida do bebê (SILVA, 2005).

Nota-se que o acompanhamento psicológico obstétrico é fundamental nos casos de:

  • Óbito
  • Gestação de alto risco
  • Malformação
  • Negação da gestação
  • Histórico psiquiátrico
  • Adoção
  • Prematuridade
  • Gestação decorrente de violência 

É importante destacar, que o atendimento pode se dar para todas as parturientes, independente da via de parto e não há um tempo determinado de atendimento.
O trabalho oferece aos pais uma oportunidade de conversar sobre o bebê e das possibilidades de enfrentamento a nova situação, de forma que sintam-se acolhidos e amparados.

REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS
BORTOLETTI, F. F. (Org.). Psicologia na prática obstétrica: abordagem interdisciplinar. São Paulo: Manone, 2007. p. 37-46.
CERÁVOLO, K. Começo Da Vida, O: A Atuação Do Psicólogo Perinatal No Parto. Medbook, 2019.
SILVA, M.C.S.Q. A Atuação do Psicólogo Hospitalar no Centro Obstétrico. Monografia (Graduação em Psicologia) – Faculdade de Ciências da Saúde do Centro Universitário de Brasília. Brasília, DF, 2005.

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