Por Dra. Dafne Rosane Oliveira CRP/0115113

Em 2020 o mundo se deparou com uma epidemia que alcançou o mundo todo e se configurou como a pandemia da Covid-19, com mais de 600 mil mortos somente no Brasil. Dados do Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz indicam uma evolução dos índices de morte materna a níveis extremamente elevados, sendo que o Brasil apresenta o maior número de óbitos, com taxa de letalidade de 7,2%, ou seja, mais que o dobro da atual taxa de letalidade do país, que é de 2,8%. O documento registra que entre janeiro e abril de 2021 houve um aumento relevante de casos de Covid-19 em gestantes e puérperas, e de óbitos maternos em 12 países. De uma forma geral, esses índices tem diminuído, em virtude da vacinação das gestantes e da população em geral, o que tem de certa forma controlado a disseminção do vírus. (FIOCRUZ, 2021)

Em situações de emergencia de saúde pública, tal qual a pandemia da Covid-19, a prestação de cuidados pré-natais diminui. Durante o surto de Ebola em 2014 na Libéria, houve um grande declínio em todos os critérios de saúde materna. Além disso, documenta-se que com o isolamento houve um agravamento de um problema já existente: aumento nas taxas de violência por parceiro íntimo, mesmo em gestantes. (Pilato, Taki, Kaur, 2021)

Silva et al. (2021) analisaram o impacto da pandemia na saúde mental de gestantes e puérperas. Notou-se aumento na incidência de ansiedade e depressão entre as gestantes, bem como, depressão pós-parto em puérperas. Discute-se que com o advento da pandemia da Covid-19, gestantes vivenciaram altos níveis de ansiedade e sintomas depressivos, diferente dos dados pré-covid, em que os distúrbios psíquicos tinham menor incidência de casos relatados. Foi averiguado que mulheres que já apresentavam a saúde mental comprometida desde o início da gestação, possuem risco aumentado de desenvolvimento de depressão pós-parto, sendo nesses casos como fator protetor, o aleitamento materno até o 3° mês do puerpério.  

Essa conclusão traz uma reflexão importante em relação a investigação da história de vida da gestante. Muito se fala sobre depressão pós-parto, mas é importante considerar os antecedentes de vida, que somados, irão se configurar em um cenário de maior ou menor risco para o desenvolvimento de alterações emocionais significativas.

O atendimento online se intensificou com a pandemia e permitiu que diversas gestantes pudessem fazer acompanhamento psicológico, mesmo com o isolamento. Conjuntamente, os efeitos da pandemia afetaram negativamente a assistência à saúde de gestantes. Silva et al. (2021) investigou as implicações que a pandemia trouxe para a adesão à assistência pré-natal e para a saúde mental de gestantes e puérperas. Percebeu-se que a necessidade da adoção de medidas para evitar a disseminação do vírus, o receio da contaminação, a vulnerabilidade para o parto prematuro, dentre outros fatores, fez com que houvesse uma queda significativa na adesão à assistência pré-natal. Aliado a isso, foram constatadas intensificação de sentimentos como medo e solidão, com aumento de sintomas depressivos e ansiosos, o que reforça a importância da assistência pré-natal, da flexibilização do acesso a consultas e do estabelecimento de um acompanhamento médico e familiar humanizado, a fim de garantir um suporte emocional à gestante.

Portanto, seja online ou presencial, em situações de isolamento social em virtude de epidemias, considera-se providencial e de extrema importância que haja acompanhamento psicológico por um psicólogo perinatal, a fim de minimizar as chances de alterações emocionais significativas nas gestantes e puérperas.

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