Carla Daniele dos Santos de Souza CRP 03/19518
A depressão pós-parto (DPP) é um transtorno psicológico que acomete puérperas de todas as idades. É uma condição extremamente delicada, pois causa mudanças significativas na rotina da mulher. Seus sintomas, se não tratados, podem durar por anos afetando diretamente todas as suas vivências, bem como, sua relação com o bebê.
Alguns dos sintomas mais comuns da DPP são; Falta de motivação para práticas daquelas atividades que antes lhes eram prazerosas, perda ou ganho de peso de maneira repentina, insônia ou excesso de sono, isolamento social, crise de choro desmotivada, cansaço em demasia, sentimento de culpa e menos valia. Entre outros sintomas, podem ocorrer também, crises de ansiedade, dificuldade de concentração e assertividade na tomada de decisões.
Figueira et al. (2011) indicam que, no Brasil existe uma média de prevalência de 7% a 14% de mães que são acometidas por este transtorno. Os autores acrescentam ainda que a depressão pós-parto pode se desenvolver a partir de dois fatores, que são de ordem biológica, onde estão relacionadas às mudanças corporais, hormonais e orgânicas. Ou, psicossocial, que estão mais ligadas ao papel que esta mulher representa na sociedade, as mudanças destes papéis, a forma como ela se percebe dentro do sistema e também as atribuições relacionadas a esta nova fase, como; a responsabilidade de cuidar de um bebê.
Hildebrandt (2013) Esclarece que o período puerperal por si já traz implicações que podem facilitar o desenvolvimento de uma DPP. De acordo com esta autora mudanças que ocorrem tanto no corpo, quanto no ambiente social da mulher são favoráveis ao aparecimento de alguns transtornos psicológicos. Porém, a autora chama a atenção para o fato de que, um grupo de sintomas só deve ser diagnosticado como transtorno de depressão pós-parto caso estes causem impactos negativos na vida da mulher e em sua rede de apoio. Ou seja, caso esses sintomas desajustem o funcionamento emocional, cognitivo e comportamental da puérpera, sejam frequentes e persistentes.
Ainda assim é preciso bastante cautela, pois ela pode apresentar sintomas da depressão pós-parto sem necessariamente ter desenvolvido o transtorno. Uma vez que, uma outra condição também bastante comum no puerpério, o baby blues, pode se apresentar nesta fase, porém se diferencia da depressão pós-parto pela intensidade, frequência e duração dos sintomas.
De acordo com Cantilino et al (2010) O baby blues pode ser entendido como uma disforia puerperal natural e não deve ser tratado como uma transtorno psicológico, pois ele se apresenta como a forma mais leve dos quadros puerperais e permanece por um curto período de tempo. Têm sintomas similares aos sintomas da DPP e afeta cerca de 50% a 85% das puérperas, é entendido como uma labilidade emocional que se inicia logo nos primeiros dias após o parto, chega em seu ápice por volta do quarto dia e seus sintomas desaparecem de maneira espontânea por volta da segunda semana após sua iniciação.
Nesta fase a puérpera sente-se cansada, desmotivada, com sentimento de melancolia e choro fácil, falta de ânimo para realizar as atividades diárias, culpa sem motivo aparente, irritabilidade e desatenção. Porém são sintomas passageiros e que não causam impacto significativos em suas vivências, nem afeta sua relação com o bebê.
REFERÊNCIAS
CANTILINO1, A. et al. Transtornos psiquiátricos no pós-parto. Revista de Psiquiatria Clínica, são Paulo, v. 37, n. 6, p. 288-294, mar./2010. Disponível em: file:///C:/Users/Usu%C3%A1rio/Downloads/Transtornos_psiquiatricos_no_pos-parto_2010.pdf. Acesso em: 9 set. 2021.
FIGUEIRA1, P.G; DINIZ2, LM; FILHO, H.C Características demográficas e psicossociais associadas à depressão pós-parto em uma amostra de Belo Horizonte. Revista de Psiquiatria Rio Grande do Sul, Belo Horizonte, v. 33, n. 2, p. 71-75, jul./2011. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-81082011005000009. Acesso em: 6 set. 2021.
HILDEBRANDT, F. M. P. DEPRESSÃO PÓS-PARTO: aspectos epidemiológicos e tratamento cognitivo-comportamental. Universidade Federal do Rio de Janeiro INSTITUTO DE PSICOLOGIA, Rio de Janeiro, p. 1-133, fev./2013. Disponível em: file:///C:/Users/Usu%C3%A1rio/Downloads/depress%C3%A3o%20p%C3%B3s-parto%20e%20tcc.pdf. Acesso em: 5 set. 2021