Por Profª. Pós-Drª. Rafaela de Almeida Schiavo CRP/0693353
Durante a gestação é muito comum os pais criarem representações parentais em relação aos seus bebês, e Bernard Golse propõe quatro tipos de representações que ocorrem simultaneamente na mente dos pais.
A primeira representação parental é a da criança fantasmática, se trata da criança que os pais criam em sua própria mente de forma separada, sendo um bebê na mente da mãe e outro representado na mente do pai. Geralmente o bebê fantasmático já existia na mente separada dos pais antes mesmo da gestação ocorrer.
A segunda representação é a da criança imaginária, é aquela imaginada pelos pais com maior consciência quando comparada a criança fantasmática, pois o casal constrói junto à imaginação das características físicas e comportamentais do bebê, formando a mesma criança em suas mentes. Não necessariamente a criança imaginária corresponde aos traços da criança real.
A terceira representação é a criança narcísica, está ligada aos ideais dos pais, ou seja, é aquela cujo os pais projetam os seus sonhos sobre os filhos desejando que o mesmo cumpra o que a mãe ou pai não pôde realizar em suas próprias vidas, desejando que o filho seja o que eles não puderam ou não conseguiram ser, “tornando realidade” o sonho dos pais. Nesses casos os pais não conseguem compreender que a criança que está por vir pode ter outros desejos diferentes dos seus, assim como outras formas de ver o mundo e se posicionar ao longo de seu desenvolvimento e relação com o meio.
Por último, a quarta representação parental proposta é a criança mítica ou cultural, que se refere a uma criança que possui as características sociais, como por exemplo, uma criança com características da sociedade dos pais seguindo os padrões culturais, que está ligada a uma criança que não possui limitações, deficiências, dificuldades e sem nenhum tipo de atraso.