Por Profª. Pós-Drª. Rafaela de Almeida Schiavo CRP/0693353
O feto está se preparando para nascer, o útero é um lugar aconchegante e começa a ficar cada vez mais apertado para o feto que está crescendo, logo estará maduro o suficiente para sobreviver do lado de fora dele. Inicia-se o trabalho de parto, onde tanto mãe quanto bebê trabalham juntos de forma rítmica para que ocorra o nascimento. Chegou o momento e em poucos segundos o feto passará a ser o recém-nascido.
A descrição acima se refere a um nascimento via vaginal, infelizmente hoje no Brasil mais de 50% dos nascimentos não ocorrem mais por essa via, mas sim por meio da cirurgia cesariana, mas esse será um tema para outro texto, vamos nos concentrar no nascimento via parto vaginal.
O trauma do nascimento;
Então o bebê nasce, e o mundo que o recebe parece ser muito assustador ao bebê, pois ele estava em um local quentinho e é recebido em baixas temperaturas, no útero ele não estava em contato com a forte claridade, portanto, esse bebê terá que lidar também com isso, além de receber em seus olhos gotas de nitrato de prata, além disso, em geral, esse bebê será levado para pesá-lo, medi-lo, tomar banho entre outros procedimentos que podem tornar o momento do nascimento como assustador, gerando ansiedade, estresse e ser sentido até mesmo como uma violência pelo bebê. Otto Rank, um psicanalista discípulo de Freud descreveu esse momento como “O Trauma do Nascimento”.
Pode ser diferente:
Mas nascer não precisa ser um trauma, o ser humano pode nascer de forma a ser recebido por esse mundo de maneira mais afetuosa. Assim que a criança nasce ela pode e deve ir direto para o colo de sua mãe e de preferência com o pai ao lado, para poderem se conhecer e se enamorar, vários procedimentos podem ser realizados com o bebê junto aos pais, sem a necessidade de levá-lo para longe deles. Michel Odent, um famoso médico francês, fala a respeito do “Coquetel de Hormônios do Amor”, cuja principal substância é a ocitocina, presentes na hora do parto e nascimento. Isto significa que a primeira hora seguinte ao parto é um período crítico no desenvolvimento da capacidade de amar.
Enquanto a mãe e seu recém-nascido estão próximos um do outro após o parto, eles ainda não eliminaram de seu sistema os hormônios que ambos secretaram durante o processo do parto. Os dois estão em um equilíbrio hormonal especial que durará apenas um curto período e nunca mais acontecerá.
A importância do momento para o vínculo inicial:
Esse coquetel de hormônios do amor é importante para o vínculo inicial mãe/bebê ao nascimento. No entanto, mesmo nos casos em que mãe e bebê precisam ficar separados após o nascimento, é possível sim acontecer o vínculo inicial.
Mas se todo recém-nascido pudesse imediatamente ao nascer ir para o colo aconchegante de sua mãe, receber todo calor afetuoso dessa e inclusive de seu pai, poderia contribuir para uma vinculação ainda melhor, além de receber a mensagem que esse mundo é um lugar bom de se viver e que se pode confiar nas pessoas. E poderíamos deixar para trás essa forma violenta com que recebemos nossos recém-nascidos que chegam a esse mundo com uma grande má impressão dele.
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Afinal, o que é a PSICOLOGIA PERINATAL
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🟣 PSICOLOGIA PERINATAL é uma área nova da psicologia no Brasil que estuda tudo que está em volta do nascimento como: planejamento familiar, gestação, o pós-parto (não apenas o pós-parto imediato, mas um período que vai do nascimento até os dois anos de vida do bebê), luto materno, luto por perda fetal, orientação de amamentação, adoção, reprodução assistida, desenvolvimento infantil, práticas educativas parentais.
São muitos os nomes dados para esta área da psicologia como psicologia da maternidade, psicologia da gravidez, parto e puerpério, psicologia obstétrica, psicologia do ciclo grávido puerperal, eu gosto de chamar de Psicologia Perinatal.
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