Por Fabiane Espíndola De Assis
Psicóloga Perinatal ( Instituto MaterOnline) CRP 18/03893
Na história da humanidade, o papel da mulher e o maternar sofreram várias transformações de acordo com as necessidades, adaptações e valores sociais de cada época.
O discurso da amamentação também sofreu alterações e hoje ressalta-se a importância do aleitamento materno como fonte de alimentação física e psíquica, meio facilitador para promover a relação mãe-bebê e para o desenvolvimento saudável da criança.
A trajetória do bebê, é possível observar que o vínculo com bebê começa desde seu planejamento, segundo Winnicott (2006), a amamentação esta interligada á gestação numa relação de continuidade, o aspecto nutritivo e afetuoso se conecta em ambos os momentos tanto no biológico quanto afetivo, onde a construção do vínculo mãe-filho se dá no decorrer de todo processo gestacional dos noves meses.
Outro ponto importante que esse autor coloca é que no contato mãe-filho, durante a amamentação, o seio constitui o primeiro objeto de amor e ponto de partida para desenvolvimento das relações objetais. Desta forma o bebê pode introjetar a vida afetiva pela mãe através deste ato amoroso.
O início da vida é marcado pela vulnerabilidade praticamente absoluta do indivíduo, que requer manejo adequado para o seu desenvolvimento esperado.
Dessa forma, oferecer um ambiente físico e psíquico suficientemente bom, influencia diretamente no processo de maturação do sujeito, se tornando base segura para a capacidade posterior de forma gradativa de proceder com o processo de desilusão da onipotência da mãe. “[..]durante a amamentação o bebê pode ver com clareza o rosto da mãe, suas expressões faciais e sentir seu calor e seus braços. Ocorre uma grande comunicação silenciosa entre mãe e bebê”. (KLAUS e KEENNELL, p.98, 2000).
A relação mãe-bebê tem um papel fundamental como primeira relação com o bebê, pois é a mãe em sua ação que responde às necessidades imediatas do recém-nascido, é a primeira a se oferecer como objeto de representação simbólica por meio do qual se inicia na experiência de um mundo compartilhado e nomeia sentimento e emoções (BEZERRA JR; ORTEGA, 2007).
Assim, o relacionamento com a mãe se torna sobretudo qualitativo. Não importa apenas oferecer o seio, e sim como ele é ofertado e como as solicitações são atendidas desse bebê.
O sujeito não estará incorporando apenas o leite da mãe, mas também toda a sua voz, nomeações e o seu carinho.
REFERÊNCIAS
BEZERRA JR; ORTEGA, (Org). Winnicott e seus interlocutores. Rio de Janeiro: editora Relume Dumará, 2007.
KLAUS, M. H., KENNEL, J. H. & KLAUS, P. H. (2000). Vínculo: construindo as bases para um apego seguro e para a independência. Porto Alegre: Artes Médicas.
WINNICOTT, D. W. Os bebês e suas mães. 3ªed. Rio de Janeiro: Imago, 2006.