Por Profª. Pós-Drª. Rafaela de Almeida Schiavo CRP/0693353
O pós-parto é um momento de adaptação, onde a puérpera deverá assumir novos comportamentos e responsabilidades devido a maternidade. Independente de ser o primeiro, segundo, terceiro filho, o puerpério sempre será um momento de adaptações, afinal de contas ser mãe de um é diferente de ser mãe de dois e assim por diante. O puerpério é um período também que exige muito da mulher, pois, a rotina de se ter um recém-nascido em casa é enlouquecedora! É tão enlouquecedora que há inclusive uma porcentagem de aproximadamente 30% das puérperas que apresentam alterações emocionais no pós-parto, devido a todo estresse desse momento.
As mudanças:
A mulher muitas vezes se sente despersonalizada, pois, ela acaba por atender a demanda do bebê e da casa, esquecendo das próprias necessidades. Não raro vemos mulheres no puerpério, perdidas no tempo e no espaço, sem dormir, com a aquela cara de cansaço extremo, cabelo sem pentear, sem tempo para trocar de roupa ou se alimentar corretamente.
As novidades:
Um bebê dentro de casa exige muito da mulher e se ela não tiver uma boa rede de apoio, ela terá que arcar com diversas tarefas domésticas, muitas vezes sozinhas. Sem um tempinho para o descanso, praticamente 24horas acordada e com tarefas a cumprir. Isso é realmente adoecedor.
Necessidade de apoio:
Portanto, a família tem aí um importante papel, o parceiro e demais familiares podem e devem ajudar a mulher que está vivenciando o pós-parto. Podem ajudar da seguinte forma:
– Se você não é o parceiro(a) da puérpera, perguntar se ela deseja sua presença na casa para ajudá-la e quais são os melhores horários para isso;
– Marcar horário para ir a casa da puérpera durante o primeiro e segundo mês para que ela possa tomar um banho tranquila, ou fazer outra atividade enquanto você olha o bebê;
– Ajudar nas tarefas domestica como lavar louça, roupa, banheiro etc;
– Ajudar levando comida congelada, pronta para colocar no micro-ondas, mas atenção, a comida tem que ser nutritiva, ou até mesmo ajudando a fazer a comida na casa da puérpera;
– Ouvir o que ela tem a dizer sem julgamentos;
– Não criticá-la se ela chorar ou disser que não sabia que era tão difícil amamentar, ser mãe, cuidar de um bebê entre outras coisas.
– Se observar mudanças de comportamento muito significativas, orientá-la a procurar ajuda de um profissional da saúde mental, e se ela estiver tão alterada que não puder responder por seus atos, alguém da família poderá levá-la para uma avaliação de sua saúde mental.
O que a família não deve fazer:
– Visitas em dias e horários inapropriados, o ideal é consultar antes o casal, qual o melhor dia e horário;
– Dar palpites sobre como ela deve amamentar, segurar o bebê, dar banho, trocar ou alimentar a criança, como deve educar entre outros;
– Criticar a desordem da casa;
– Criticar se ela desabafar o quanto está difícil a situação;
– Criticar os comportamentos e decisões da puérpera;
– Dormir na casa da puérpera sem ser convidado por ela, mesmo que seja mãe, sogra, irmã;
-Observar a mudança de comportamento e não fazer nada para ajudá-la.
Portanto, uma mulher no pós-parto, que recebe o apoio familiar tem menor probabilidade de adoecimento mental nesse período. Visto que a família ajudando nesse momento permite diminuir parte do estresse de cuidar de um recém-nascido. Assim a família ajudando nas tarefas domésticas, por exemplo, permite que a mulher no momento em que o bebê dorme, possa descansar também, ou aproveitar para fazer outras atividades.
Mas atenção: toda ajuda deve ser verificada antes se de fato é desejo da puérpera recebê-la. Se ela não quiser e você insistir, na realidade você será só mais um fator estressor que contribuirá para uma possível alteração emocional nesse momento e isso não é ajuda.
Toda mulher no puerpério, merece ajuda, basta saber se você é realmente é a ajuda que ela precisa nessa hora!