Texto: Isabela Cristina Veroneze Mezzavila CRP 08/17540

O processo de luto por uma perda gestacional e/ou neonatal é pouco reconhecido pela sociedade em geral, pois a criança não é vista como uma integrante daquela família devido a sua morte precoce. Nos casos em que o sofrimento é permitido, mais comumente essa autorização é direcionada à mãe como se ela fosse a única a vivenciar a dor, invalidando assim o luto por parte do pai.

Essa invisibilidade do sofrimento paterno se dá por parte de terceiros que muitas vezes cobram que este seja forte para que consiga dar conta do sofrimento da mulher. Contudo, a dor também é silenciada pelo próprio homem que acredita que os cuidados devem ser direcionados apenas à mãe por ter gestado o bebê, além de não conseguir reconhecer seus sentimentos e nem a lidar com estes. 

Assim, a falta de reconhecimento da dor do homem ocorre em virtude principalmente da cultura machista em que vivemos, na qual não há espaço para que este expresse suas emoções que, represadas, podem se transformar em sentimentos como raiva, agressividade e consequentemente a violência, além de afetar de maneira negativa sua saúde física e mental.

Sabe-se que desde antes da concepção há idealizações do filho por parte tanto do pai quanto da mãe, e durante a gestação um vínculo vai se formando, sendo importante reconhecer que diante do óbito de um bebê, há diversas perdas envolvidas para os pais, o que torna necessário voltar o olhar para o que cada um deles sente e como vivenciam o luto.

Dessa forma, diante da perda precoce de um filho, o homem precisa de atenção e ajuda tanto quanto a mulher para que não haja a recusa em lidar com a perda, e o leve a experienciar o luto de forma saudável.

A falta de espaço social que acolha o homem e permita que este reconheça, aceite e expresse sua dor psíquica nesses momentos delicados, faz com que seja essencial a formação de grupos e a busca por um tratamento terapêutico profissional para que estes não sofram calados.

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