Por Profª. Pós-Drª. Rafaela de Almeida Schiavo CRP/0693353
Vivemos em uma CULTURA onde a maioria das mulheres não tem conhecimento seguro sobre as vias de nascimento. O PARTO NORMAL ainda é visto como uma via para pobres, um parto ultrapassado e de muita dor. A CIRURGIA CESARIANA já é vista como um meio destinado a quem paga plano de saúde, dá o direito de escolher o dia e horário do nascimento do bebê para que a mãe possa se programar para a licença maternidade e outras organizações que antecedem essa chegada, se programa para que o filho nasça no signo desejado e por vezes na data do aniversário de alguém especial da família. A partir dessas duas formas de compreensão, a cesariana é vista como um avanço da tecnologia e que não há necessidade de sofrer com um parto normal.
Quando a mulher faz a ESCOLHA a partir dessas visões, sem orientação de profissionais com embasamento científico não é uma condição de escolha CONSCIENTE. Só podemos chamar de escolha consciente quando a mulher busca ou recebe orientação de profissionais sobre as diferenças entre parto normal e a cirurgia cesariana e em quais casos ela é indicada.
São muitos os BENEFÍCIOS do parto normal, afinal a própria NATUREZA nos fez dessa forma. Ainda não se completaram os 100 anos da migração do parto em massa no ambiente hospitalar, até a década de 70 esta não era uma realidade FREQUENTE, pois boa parte dos nascimentos ocorria em casa com a parteira. Com a migração do parto para o hospital começaram a surgir diversas intervenções cirúrgicas, VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA em que houve a transformação do parto normal em um parto de horrores onde as mulheres desejam fugir, não do parto em si, mas sim das dores psicológicas de ser HUMILHADA e VIOLENTADA.
Histórias contadas por mulheres conhecidas da gestante que passaram por parto normal com violência obstétrica também assustam a mulher. Isso geralmente leva a optar pela cesariana que segundo diversos estudos científicos mostram que é um procedimento cirúrgico que deve ser muito bem prescrito pelo médico e considerado como a ÚLTIMA OPÇÃO de nascimento.
Estudos como o da FIOCRUZ investiram fortunas em pesquisa para identificar como se nasce no Brasil e o número de cesarianas foi ALARMANTE, sendo o Brasil o segundo país a liderar o ranking mundial, ou seja, uma EPIDEMIA que pode trazer diversos prejuízos e desvantagens para o desenvolvimento e saúde do bebê. A partir disso temos um cenário de risco onde se aumenta as chances de NASCIMENTO PREMATURO, o bebê pode ser mais VULNERÁVEL a doenças aéreas como gripes, a cesárea aumenta em três vezes mais a chance da mulher morrer na cirurgia, diminui as possibilidade do bebê ser amamentado na primeira hora, entre outros dados. A mulher deve escolher o parto que deseja a partir de informações REAIS e CIENTÍFICAS, não ilusórias.
Mais de 80% das mulheres brasileiras ao iniciarem o PRÉ-NATAL desejam o parto normal, mas os pesquisadores descobriram que no último trimestre gestacional as mulheres mudam de ideia, pois são levadas por frases sutis dos médicos para INDUZIR a cesariana e muitas vezes utilizam de argumentos sem fundamentação para agendar a cirurgia.
É direito da gestante por LEI escolher o tipo de parto, entretanto é NECESSÁRIO que junto da lei seja levado INFORMAÇÃO e CONHECIMENTO para as gestantes escolherem o parto de acordo com condições conscientes e seguras, ao invés de deixá-la acreditar no SENSO COMUM de que a cirurgia cesariana é a melhor opção para ela e o bebê.
A mulher precisa conhecer e entender os benefícios do parto normal e EXIGIR dos profissionais que vão atendê-la a humanização do parto. O profissional que está constantemente se ATUALIZANDO, participando de CONGRESSOS, entende de HUMANIZAÇÃO e atua pautado nas reais INDICAÇÕES DE CESARIANA segundo a CIÊNCIA, é o profissional mais preparado e informado para atuar não em busca de sua conveniência, mas em prol a saúde da mulher e do bebê.
Referências
CARVALHO, Maria Luiza de. O renascimento do parto e do amor. Revista Estudos Feministas, v. 10, n. 2, p. 521-523, 2002.
COSTA, Susanne Pinheiro et al. Parto normal ou cesariana? Fatores que influenciam na escolha da gestante. Revista de Enfermagem da UFSM, v. 4, n. 1, p. 1-9, 2014.
MELCHIORI, Lígia Ebner et al. Preferência de gestantes pelo parto normal ou cesariano. Interação em psicologia, v. 13, n. 1, 2009.