Natália Silva de Vargas CRP 07/29899

Muito se fala sobre as alterações emocionais presentes no período perinatal na vida principalmente das mulheres, mas os estudos hoje já nos mostram como a relação conjugal também é impactada e sofre alterações neste período, especialmente no pós-parto. Alguns casais ainda tem a crença de que, quando um casamento não vai bem, ter um bebê pode auxiliar na conexão, mas o que vemos na prática é o completo oposto: casais que já vem com conflitivas anteriores tem mais dificuldade de passar por esse período e por esse motivo, os números de divórcios nessa fase são altos. O casal que antes ocupava o papel de namorados/noivos/esposos, agora precisa desenvolver-se em um papel totalmente novo e desafiador: o de pais. A mulher passa por alterações físicas e emocionais, enquanto o homem, na sua maioria, ainda acompanha mais de longe esse processo. No pós-parto os olhares se voltam ao bebê, e não raro essa casal acaba se perdendo em meio a tantas adaptações. Há um importante aliado para atravessar os desafios do puerpério que é essencial para um casal: o dialogo. Na prática os casais que possuem mais abertura e intimidade para falar como se sentem e alinhar suas expectativas têm mais condições de tirarem boas experiências desse momento. Já os casais que possuem dificuldades nessa questão, tendem a sofrer mais. A mulher pode sentir-se sozinha no pós-parto, e o homem deixado de lado. Não é mais possível nesse primeiro momento investir afetivamente como antes nesse relacionamento, já que a rotina desse bebê é exaustiva e as adaptações tomam boa parte do dia da família. É muito importante que a gestação possa ser usada como momento de preparação para que essa família se fortaleça e saiba o que é esperado, munindo-se de ferramentas emocionais e práticas para acolher esse período. Além disso, é fundamental que a família tenha consciência de que existem fases e querer apressá-las pode piorar ainda mais os conflitos. Há fases em que a privação de sono é maior, outras menos. Há fases em que a relação sexual é possível de ser retomada, e ambos – ou apenas um – não consegue nem pensar nisso. Portanto, é indispensável que esse casal converse sobre seus sentimentos e expectativas e isso precisa, por vezes, ser treinado ou aprendido. A terapia é um ótimo momento para isso acontecer. Na prática clínica dos psicólogos perinatais não é incomum que ajam sessões com o casal, já que ambos terão desafios para enfrentar. Particularmente acho que essas sessões em conjunto, já na gestação, abrem espaço para conversas essenciais e ajudam os casais a tratarem de assuntos muito importantes e que fazem total diferença no pós-parto. Por meio de um mediador, como o psicólogo, os casais podem descobrir suas necessidades, alinhar seus papeis e esclarecer o que ambos esperam um do outro, favorecendo uma comunicação mais clara e assertiva. Por fim é essencial que os casais cuidem de seu relacionamento. Assim que possível, e de acordo com a ajuda e rede de apoio que tiverem com o bebê, estabelecer dentro do possível uma rotina juntos de autocuidado é bem interessante, já que é preciso existir espaços que esse casal possa aos poucos voltar a exercer também seus outros papéis sociais, não somente o papel parental.

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