Texto: Lúmia Pedrosa Pereira – CRP 01/22740

Em algumas culturas, a adoção é vista como uma prática social comum e não está associada ao matrimônio sem filhos. Nessas sociedades, os laços familiares provem da cultura e têm muito pouco a ver com os laços de sangue (PAIVA, 2004). A forma com a qual a adoção é tratada nas diferentes culturas difere de acordo com alguns aspectos sociais, como configuração familiar, sexualidade, nível socioeconômico, fertilidade e reprodução (PETTA; STEED, 2005). 

Para alguns casais a espera pelo filho adotivo é longa e complexa em muitos casos. Ainda que saibam que estão na lista oficial de espera e que serão chamados assim que a criança estiver disponível à adoção, a impressão de muitos candidatos é de que nada está acontecendo (REPPOLD et al., 2005).

Os pais adotivos passam por um processo de elaboração e internalização da identidade de pais e do direito de exercer a parentalidade de seu filho adotivo (PETTA; STEED, 2005). Esse processo pode ser acentuado devido há vários fatores, como o sentimento de disputa com os pais biológicos, sentimento de estar sob ameaça, de ser julgado por pessoas em seu papel de pais, como por outros pais e pelos pais biológicos do filho, e o sentimento de buscar obstinamente a conexão/vínculo afetivo com o filho adotivo. 

Idealizar a chegada de um filho, seja ele biológico ou adotivo, requer uma reflexão sobre os riscos, desejos, medos, motivações e expectativas. Demanda que os pais estejam cientes de suas próprias delimitações e possibilidades (WEBER, 2004a). Scorsolin-Comin, Amato e Santos (2006) afirmam que, para obter “sucesso” como pais, tanto biológicos quanto adotivos, é preciso construir uma série de fantasias, crenças, valores, desejos e expectativas com relação à parentalidade.

Na perspectiva do adotante a adoção é um encontro de almas, onde elas se encontraram no lugar e na hora certa, como descrito nas frases ditas por pais adotantes a seguir  “sempre tive a certeza que Deus nos escolheu para amarmos, cuidarmos e ensiná-lo, foi questão de tempo para esse encontro!”. Já para outros a adoção veio como forma de resgate de si mesmo e do relacionamento, “nunca estive tão bem comigo mesmo e com minha esposa, nossa família se completou com sua chegada!” 

Referências:

PAIVA, L. D. de. Adoção: significados e possibilidades. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.    

PETTA, G. A.; STEED, L. The experience of adoptive parents and adoption reunion relationships: a qualitative study. American Journal of Orthopsychiatry, New York, v. 75, n. 2, p. 230-241, 2005.

REPPOLD, C. T. et al. Aspectos práticos e teóricos da avaliação psicossocial para habilitação a adoção. In: HUTZ, C. S. (Org.). Violência e risco na infância e adolescência: pesquisa e intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. p. 43-70.

SCORSOLIN-COMIN, F.; AMATO, L. M.; SANTOS, M. A. dos. Grupo de apoio para casais pretendentes a adoção: a espera compartilhada do futuro. Revista Spagesp, Ribeirão Preto, v. 7, n. 2, p. 40-50, 2006. 

WEBER, L. N. D. Aspectos psicológicos da adoção. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2004a.

Gostou desse conteúdo? Quer saber mais sobre Psicologia Perinatal? Faça parte da maior comunidade de formação de psicólogos perinatais da América Latina. Conheça toda nossa estrutura aqui e sinta segurança na hora de atender gestantes e mulheres no pós-parto.


{"email":"Email address invalid","url":"Website address invalid","required":"Required field missing"}