Texto: Maylu Pagani Silva – Psicóloga – CRP 16/3873

O corpo da mulher passa por inúmeras mudanças durante o período perinatal, isso faz com que algumas mulheres não se sintam confortáveis com as mudanças ou até mesmo não se reconheçam naquele corpo modificado. O processo de resgate da autoestima no pós-parto pode demorar um tempo, para além da mudança física vamos considerar as mudanças psíquicas que fazem com que a mulher concentre todo o seu foco no recém-nascido que demanda muita atenção e dedicação do seu tempo, assim é comum que mulheres puérperas não estejam tão dedicadas ao autocuidado.

Trazendo conceitos psicanalíticos freudianos de autoestima e autoimagem, relacionando-os a infância onde a criança necessita do olhar do outro para construir sua autoimagem. No narcisismo primário a criança se vê como objeto de amor antes de escolher objetos exteriores e toda energia psíquica é gasta nela própria devido à crença de sua onipotência.

Assim naturalmente uma mãe emocionalmente envolvida está investindo toda sua libido no seu bebê contribuindo para a construção da autoimagem e autoestima da criança, o que faz com que ela não invista libido nela própria por um período porque o bebê ainda não estabeleceu uma distinção entre aquilo que constitui o EU e o NÃO-EU. Sob uma ótica winiccotiana existe um estado psicológico chamado “fusão materna primária” que se caracteriza como um estado de verdadeira fusão emocional mãe-bebê e a saúde emocional e física do bebê depende da capacidade da mãe entrar e sair de forma saudável desse estado psicológico.

Concluindo, uma mulher com um bebê recém-nascido naturalmente tem a capacidade de desligar ou renunciar interesses pessoais a fim de direcioná-lo para a criança. A partir do momento em que o bebê se entende como ser diferente da mãe – ansiedade de separação – a mãe consegue voltar parte da libido, antes inteiramente investida no bebê, para si mesma, retomando assim seu processo de reconstrução da autoimagem, autocuidado e recuperando sua autoestima.

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