Por Dra. Giselle Caroline Fuchs (CRP 12/09967 – 08/IS-448)

Na busca da parentalidade saudável é importante que se comece a refletir sobre como se deseja ser pai e/ou mãe antes da própria gestação acontecer. Neste contexto entra a importância de avaliar e acompanhar a mulher e o homem que desejam serem pais, para que estes estejam “bem” emocionalmente para que possam oferecer um ambiente saudável ao desenvolvimento do bebê.

O período gravídico e puerperal são as fases de maior prevalência de transtornos mentais na mulher, principalmente no primeiro e no terceiro trimestre de gestação e nos primeiros 30 dias do puerpério (BOTEGA; DIAS, 2006). Schiavo e Castro (2020) afirmam que alterações emocionais maternas durante o período de gravidez são muito frequentes e apresentam prevalência alta no Brasil, uma vez que 60% das gestantes apresentam sintomas de estresse, 36% apresentam sintomas de alta ansiedade e 22% sintomas de depressão.

 Entre os fatores de risco para o desenvolvimento da ansiedade, estresse e depressão, temos: aborrecimentos diários, medo do parto, medo de perder o bebê, medo de engordar demais, ter muitos filhos, ameaça de aborto, abortos anteriores, uso de drogas, pânico, dificuldades financeiras, baixa escolaridade, gestação na adolescência, falta de suporte social, gestação não planejadas, eventos estressores como morte e separação, dificuldades sociais como pandemias, história de violência doméstica, complicadores pré-natal entre outras situações antecedentes psiquiátricos da mulher e da família. (SCHIAVO, RODRIGUES, PEROSA, 2018; SCHIAVO; RODRIGUES, 2011; BENNETT, 2004).

As consequências das alterações emocionais na gestação são dificuldades de adesão ao pré-natal, maior consumo de álcool, tabaco e outras drogas, pessimismo, insônia, falta de apetite, diminuição da quantidade e qualidade da ingesta alimentar, predisposição para transtornos mentais. Estas questões maternas influenciaram no baixo crescimento fetal, complicações obstétricas, cesariana evitável, prematuridade e ao baixo peso ao nascer, menor tempo de aleitamento materno exclusivo (SCHIAVO; RODRIGUES; PEROSA, 2018). Além de estar associada a problemas emocionais, cognitivos e comportamentais de longa duração nas próprias crianças, como atrasos no desenvolvimento infantil, problemas temperamentais e comportamentais, uma vez que a mãe pode apresentar dificuldades nos cuidados e nas necessidades do bebê e dificuldades de vínculos afetivos entre mãe-bebê (SCHIAVO; RODRIGUES, 2011).

Para auxiliar no processo de avaliação é importante a entrevista clínica, que possa incluir a investigação das queixas e do histórico da gestante. É importante levantar questões que envolvam as áreas sociais, familiares, psicológicas e financeiras (ANDRADE; VIANA; SILVEIRA, 2006).

Como instrumentos tem-se o instrumento de Triagem Psicológica para Aplicação em Gestantes – TPAG (SCHIAVO, 2021a) que permite compreender os principais pontos que devem ser trabalhados, e o Modelo de Schiavo para investigação em psicologia perinatal (SCHIAVO, 2021b), que faz o levantamento de todas as questões envolvidas na gestação, com pontos biológicos, sociodemográficos, contexto gestacional e história de vida.

Para avaliação do estresse pode ser utilizado a ​Escala de Estresse Percebido (COHEN; KARMACK; MERMELSTEINM, 1983) e a Escala de Estresse Parental (MIXÃO; LEAL; MAROCO, 2010). Outro instrumento que pode ser utilizado é a Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburg (EPDS), além deste pode-se utilizar o Inventário de Depressão de Beck – II (BDI – II).

Além destes podem ser utilizados outros instrumentos que estejam validados pelo Conselho Federal de Psicologia. Após a avaliação, com base nos resultados, deverão ser realizados encaminhamentos necessários, podendo ser acompanhamento psicoterapêutico, psiquiátrico, grupos ou outros que atendam a demanda.

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