Por Profª. Pós-Drª. Rafaela de Almeida Schiavo CRP/0693353

A nível Brasil apenas 33% dos bebês aos seis meses de vida receberam amamentação exclusiva no seio materno. O que é amamentação exclusiva? Quando é oferecido ao bebê SOMENTE o LEITE MATERNO, sem NENHUM complemento como sucos, chás, água, leites industrializados, frutas e outros. 

A OMS (Organização Mundial da Saúde) preconiza que o bebê até os seis meses de vida NÃO precisa de nenhum outro alimento além do leite materno. Alguns países têm maior facilidade para seguir esta recomendação, outros não, no Brasil não é tão fácil, pois amamentar implica conceitos culturais, classes sociais e outros fatores como, por exemplo, o TIPO DE PARTO.

As pesquisas mostram que quando o bebê é amamentado na primeira hora de nascimento AUMENTA fortemente a PROBABILIDADE do bebê CONTINUAR recebendo amamentação no seio materno EXCLUSIVO aos seis meses. Quando este dado é comparado aos bebês que não receberam aleitamento materno na primeira hora de vida, DIMINUI drasticamente o número de bebês que estão sendo amamentados de forma exclusiva aos seis meses. Existem diversos fatores de proteção envolvidos na amamentação que vão além da via de nascimento, porém aqui trataremos ESPECIFICAMENTE do fator tipo de parto por meio de estudos associativos

Muitas mulheres que passam pela cirurgia cesariana e não amamentam na primeira hora de nascimento devido alguns hospitais NÃO adotarem essa prática JUSTIFICANDO que a mulher acabou de passar por anestesia e procedimento cirúrgico, que a criança precisa ficar na incubadora ou em observação por ter nascido antes do tempo, a mulher se torna a “mãezinha” que precisa descansar, dormir e se recuperar da cirurgia enquanto os profissionais dão banho e alimentam o bebê, somente o levando para ficar com a mãe várias horas após o nascimento

Sendo assim se passou a primeira hora de nascimento e a criança recebeu outro meio de alimentação que não o leite de sua mãe. O bebê foi alimentado, mas não por quem deveria amamentá-lo, ou seja, a MÃE, que tem o COLOSTRO, que é o leite ideal na primeira hora de vida para a SAÚDE do bebê. É de extrema importância esse momento de amamentação para a VINCULAÇÃO mãe-bebê. 

No PARTO NORMAL é mais fácil e comum a mulher amamentar na PRIMEIRA HORA de nascimento, dar o primeiro banho, ficar em alojamento conjunto e maternar nas primeiras horas. Enquanto na CIRURGIA CESARIANA torna-se mais difícil essa amamentação devido a complicações, como, por exemplo, não poder pegar peso e outros fatores que impedem a mulher de viver PLENAMENTE as primeiras horas com o bebê.

Em uma pesquisa de doutorado realizada com 200 puérperas foi identificado que 50% das mulheres tiveram parto normal e 50% passaram pela cirurgia cesariana. Aos seis meses do bebê apenas 56% das mães amamentavam de forma exclusiva no seio, enquanto que as mães que passaram por cesárea somente 44% amamentavam de forma exclusiva no seio. A média de 44% é boa ao considerarmos a média brasileira de 33%, entretanto as mulheres que passaram por cirurgia cesariana estavam em desvantagem no aleitamento materno exclusivo no seio até os seis meses pós-parto.

Ainda foi possível notar que para os BEBÊS que tiveram alguma INTERCORRÊNCIA no nascimento, como, por exemplo, prematuridade ou internações que SEPARARAM mãe e bebê no começo da vida, aos seis meses pós-parto somente 18% dos bebês estavam sendo amamentados de forma exclusiva no seio materno.

Um estudo realizado por Foster et al. (2015), comparou grupos de bebês que receberem o LEITE MATERNO nas primeiras 48 horas de vida com bebês que receberam COMPLEMENTO nas primeiras 48 horas, e concluiu-se que aos seis meses de vida o número de bebês que ainda recebiam o aleitamento materno exclusivo no seio materno era superior no grupo dos bebês que não receberam complemento nas primeiras horas de vida. Portanto, a pesquisa deixa claro que os bebês que nasceram e NÃO foram amamentados no seio materno nas primeiras horas de vida saem em DESVANTAGEM quando comparados aos bebês que receberam a primeira alimentação no seio materno.

Referências

Forster DA , Johns HM , McLachlan HL , et al. Alimentar bebês diretamente na mama durante a internação pós-parto está associado ao aumento da amamentação aos 6 meses pós-parto: um estudo de coorte prospectivoBMJ Open 2015; 5: e007512. doi: 10.1136 / bmjopen-2014-007512.
WILL, Thuany Küster et al. Fatores de proteção para a amamentação na primeira hora de vida. Revista brasileira em promoção da saúde, v. 26, n. 2, p. 274-280, 2013.

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