Por Profª. Pós-Drª. Rafaela de Almeida Schiavo CRP/0693353

A assistência à saúde da gestante é extremamente importante e ajuda a evitar uma gravidez de risco. É relevante que gestantes possam ter acesso ao pré-natal.

Entretanto, um dos principais desafios é em relação à qualidade dessa assistência, pois infelizmente encontramos dificuldades que podem advir tanto da própria gestante (que não colabora não frequentando as consultas quando agendadas) tanto de  alguns profissionais desatualizados ou com pouca responsabilidade com sua profissão que podem oferecer uma má assistência pré-natal.

Quanto menor o número de consultas pré-natal, maiores as chances de não identificar alguma anormalidade na saúde da gestante ou do feto. Nascimento prematuro e baixo peso já foram associados a um menor número de consultas pré-natal (GONZAGA et al., 2016; KILSZTAJN et al., 2003).

Outro desafio encontrado na assistência pré-natal é o fato do profissional minar a confiança da mulher para o parto normal.

Estudos mostram que no primeiro trimestre gestacional, mais da metade das mulheres grávidas desejam o parto normal, mas ao chegar no final da gestação, ou seja, no terceiro trimestre, o interesse pela cesárea começa a aumentar, principalmente em mulheres que utilizam o serviço de saúde particular (DOMINGUES et al., 2014; DIAS, 2008). 

A mulher ao fazer o pré-natal sutilmente acaba por receber informações de que não é capaz de fazer o parto normal, o que  ocorre por meio de falas desencorajadoras e sem fundamentação. A perda do empoderamento feminino e preferência pelo parto normal, infelizmente, em alguns casos, vai ocorrendo durante a realização do pré-natal.

Em vista disso, podemos perceber as duas faces de uma mesma moeda: de um lado a importante relevância para a saúde e prevenção de riscos na gravidez, e por outro lado o pré-natal pode ser o responsável por ajudar a diminuir a confiança para o parto.

O psicólogo e outros profissionais da saúde que atuam com gestantes, podem fazer sua parte, empoderando mulheres para o parto normal e também informando-as sobre a importância de não faltar às consultas de pré-natal.

Referências

DIAS, B. et al. The decision of women for cesarean birth: a case study in two units of the supplementary health care system of the State of Rio de Janeiro. Ciência & Saúde Coletiva, v.13, v.5, p.1521-1534, 2008. Disponível em: https://search.proquest.com/openview/9b5747b93fc05cfd072359291c93c43d/1?pq-origsite=gscholar&cbl=2034998

DOMINGUES, R.M.S.M. et al. Processo de decisão pelo tipo de parto no Brasil: da preferência inicial das mulheres à via de parto final. Caderno de Saúde Pública, v.30 (suppl 1), p. S101 -S116, 2014. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/csp/2014.v30suppl1/S101-S116/pt

GONZAGA, I.C.A et al. Atenção pré-natal e fatores de risco associados a prematuridade e baixo peso ao nascer em capital do nordeste brasileiro. Ciência e Saúde Coletiva, v.21, n.6, p.1965-1974, 2016. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csc/2016.v21n6/1965-1974/es/

KILSZTAJN, S. et al. Assistência pré-natal, baixo peso e prematuridade no Estado de São Paulo, 2000. Revista de Saúde Pública, v.37, n.3, p.303-310, 2003. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/rsp/2003.v37n3/303-310/pt

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