YASMIN FUCHS DE MORAES – CRP 05/54949

A gestação é um evento que muda a vida da mulher em níveis biológicos,
psíquicos e sociais. Segundo Saviani-Zeoti e Petean (2015) essas mudanças
começam a ocorrer desde a confirmação da gestação e podem se prolongar até o pós-parto, de acordo com as particularidades de cada mulher.

É uma fase de transição, de mudanças, de reajustamentos e de assumir novos papéis, que interferem diretamente na identificação da sua própria identidade. A sociedade espera que a mulher esteja vivenciando um processo de intensa felicidade, completude e realização. Porém tornar-se mãe, é um processo tão complexo e profundo, que até em gestações totalmente planejadas e desejadas, é comum que a mulher tenha sentimentos dicotônicos e inesperados.

Segundo Zanatta et al. (2017) o desejo de ter um bebê é um processo que
tem inicio antes da gestação. Passa pela infância e adolescência, até se constituir na gestação em si. O que abre espaço para os conceitos de bebê fantasmático e bebê imaginário. Dessa forma a gravidez pode trazer à tona lembranças e experiências passadas da vida da mulher ou casal.

A enxurrada de hormônios que a gestação libera, faz com que a mãe possa
viver intensos sentimentos dicotônicos, como alegria e tristeza, satisfação e
insatisfação, etc. A mulher que antes era somente filha e esposa, agora precisa assumir um novo papel. O de mãe. Além de todo o contexto psicológico das novas responsabilidades, os trimestres vão passando começam também as mudanças físicas no corpo materno, como o aumento do seio, da barriga, do fluxo sanguíneo, etc.

Tudo isso interfere diretamente na identificação da autoimagem feminina e como a mulher se reconhece enquanto sujeito. A romantização da maternidade, das crenças que envolvem o papel e os sentimentos das mulheres enquanto mães, são fatores que geram sofrimentos quando alguma mulher foge a essa ideia e não sente da maneira como a sociedade espera.

Entender que cada pessoa é diferente uma da outra, que sentimos diferente
e que a maternidade provoca sim mudanças biopsicossociais nos faz
compreender que sentir raiva, medo, culpa, tristeza, inveja e tantas outras
emoções ditas ruins, podem sim fazer parte do processo de gestar e serem
completamente normal.

REFERÊNCIAS:

SAVIANI-ZEOTI, Fernanda; PETEAN, Eucia Beatriz Lopes. Apego materno-fetal,
ansiedade e depressão em gestantes com gravidez normal e de risco: estudo
comparativo. Estud. Psicol. (Campinas), Campinas, v.32, n.4, p.675-683, 2015.
https://doi.org/10.1590/0103-166X2015000400010.

ZANATTA, Edinara; PEREIRA, Caroline Rubin Rossato; ALVES, Amanda
Pansard. A experiência da maternidade pela primeira vez: as mudanças
vivenciadas no tornar-se mãe. Pesqui. Prát. Psicossociais, São João del-Rei,
v.12, n.3, p. 1-16
2017.<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-
89082017000300005&lng=pt&nrm=iso>

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