Texto: Isabela Cristina Veroneze Mezzavila CRP 08/17540
Desde antes da concepção há sempre o desejo de uma gestação tranquila, sem intercorrências e a idealização de um filho saudável e sem deficiências. Contudo, alguns bebês possuem alguma condição genética que só é descoberta no momento do parto. Em outros casos, os pais passam pelo aconselhamento genético durante a gestação, no qual recebem o diagnóstico do filho.
O aconselhamento genético é um processo de comunicação que cuida dos problemas humanos associados à ocorrência ou recorrência de uma doença genética em uma família. Envolve a tentativa feita por uma ou mais pessoas treinadas apropriadamente a ajudar indivíduos ou famílias a compreender os fatos médicos, incluindo o diagnóstico, o prognóstico e os tratamentos disponíveis; avaliar como a hereditariedade contribui para a doença, e o risco de recorrência para determinados parentes; entender quais as opções que possuem perante o risco de recorrência; escolher que ações são mais apropriadas para eles, em vista dos riscos e dos objetivos de suas famílias e agir de acordo com as decisões; obter o melhor ajustamento possível à doença do familiar afetado e/ou ao risco de recorrência da doença (Pina-Neto, 2008).
Neste processo, os conselheiros devem atuar como simplificadores, favorecendo o entendimento por parte da família, para que estes entendam o que de fato está ocorrendo e possam se ajustar à nova realidade.
Os pais sofrem o impacto da notícia da existência de alguma síndrome, e o fato de não estarem preparados para receber tal diagnóstico de seu filho leva-os a vivenciar o luto pela perda do filho idealizado. Algumas famílias se adaptam de maneira favorável. Entretanto, outras podem ter sentimentos e emoções negativas, ocasionando alterações emocionais significativas que afetam suas vidas e levam até mesmo a conflitos interpessoais e consequências como problemas conjugais, desamparo da mulher pelo parceiro, abandono posterior da criança aos familiares, entre outros.
Um aconselhamento genético realizado de maneira adequada contribui com uma mudança de sentimentos tornando os pais envolvidos psicologicamente ativos no processo.
Nesse contexto, o psicólogo pode ajudar a minimizar as consequências do diagnóstico, além de dar suporte e acompanhamento à família no período prospectivo, onde se verifica os riscos antes da gravidez, durante o pré-natal ou pós-natal.
Referência PINA-NETO, J. M. Aconselhamento genético. Jornal de Pediatria, 84(4): 20-26, 2008.