No Brasil cerca de 33% das mulheres amamentam os seus bebês até os seis meses de vida de forma exclusiva. É um número baixo visto que a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é que os bebês possam ser amamentados de forma exclusiva até os seis meses.

Mas porque apenas 33% das mulheres conseguem seguir o recomendado pela OMS no Brasil? Porque amamentar não é instintivo, envolve aprendizagem e sofre influências do contexto sociocultural.  

Existem alguns fatores psicológicos que podem exercer influência sobre as dificuldades que algumas mulheres enfrentam ao não consegui amamentar. Não tem como generalizar, é preciso conhecer cada história, compreender se essa mulher foi amamentada ou não quando bebê, qual a relação que a mãe dela teve com a amamentação, o que essa mulher ao longo da vida aprendeu sobre amamentação, as histórias que ele escutou sobre isso etc. Dependendo se a relação dela foi positiva ou negativa isso poderá influenciar quando ela mesma tiver que amamentar o seu bebê.

Não podemos deixar de mencionar os fatores de saúde mental materna, que irão influenciar na amamentação. Exemplo uma mãe com depressão pode não ter energia para cuidar de seu bebê incluindo o desejo por amamentá-lo, isso não é uma regra nos sintomas de depressão, mas pode acontecer. 

Não podemos esquecer que as pessoas ao entorno da recém-mãe, também influenciam a amamentação. Avós e tias, por exemplo, podem falar que a criança precisa de chás, sucos e complemento, podem dizer que o leite da mãe é fraco, que ela não está sabendo segurar o bebê direito entre tantas outras coisas que podem  interferir na amamentação exclusiva, quando a jovem mãe, acata os conselhos destas “alegres palpiteiras”.  

Isso sem falar no despreparo de alguns serviços e profissonas da saúde que impedem quando é possível a amamentação na primeira hora e o alojamento conjunto acontecer. Estudos já comprovaram que as chances são menores de amamentação exclusiva acontecer nos casos em que o bebê não recebeu aleitamento materno na primeira hora e bebês que não ficaram em alojamento conjunto com suas mães. O problema ainda se agrava quando mulheres com perfeita produção de eleito são influenciadas pelo pediatra a oferecer leites industrializados ao seu filho.

Portanto, a baixa prevalência no Brasil de aleitamento materno exclusivo até os seis meses precisa muito ser debatido pelos profissionais da saúde mais responsáveis, pois, infelizmente ainda há muita culpabilização exclusivamente focada na mãe pela não amamentação exclusiva até os seis meses.

Em época de incentivo ao aleitamento materno, há muita propaganda voltada para a mãe como se ela fosse exclusivamente a única responsável pela não continuidade da amamentação exclusiva, as propagandas parecem não conversar com a rede de apoio desta mulher que pode estar influenciando negativamente para o sucesso da amamentação, menos ainda se vê ações chamando atenção dos profissionais da saúde que exercem forte papel negativo neste contexto, impedindo a amamentação na primeira hora, o não alojamento conjunto, a aguinha com açúcar no berçário ou o incentivo do leite industrial.

Portanto, é preciso uma visão mais crítica dos profissionais da saúde em relação à amamentação, ao entendimento do porque é tão difícil no Brasil ter uma porcentagem mais otimista a respeito da duração da amamentação exclusiva e mais próxima à recomendada pela OMS.

ÁUDIO – PROFISSIONAIS EM AÇÃO, 14 DE JANEIRO DE 2020.

REFERENCIAS:

Prevalência do Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras.  Maria Cristina Ferreira Sena, Eduardo Freitas da Silva, Maurício Gomes Pereira.

Trabalho realizado na Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde e na Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciência da Saúde, Brasília, DF.

https://drive.google.com/file/d/1s-wvPVezq7FVF8yfyL6wS1DUb7ufvILX/view?usp=sharing

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