Por Profª. Pós-Drª. Rafaela de Almeida Schiavo CRP/0693353

Dentre os problemas de saúde mental no período pós-parto, a depressão é a mais conhecida e comentada. Isso significa que existem outros problemas de saúde mental que podem acometer a puérpera, entretanto, como as prevalências de outros problemas de saúde mental são menos frequentes que os sintomas de depressão nesse período, pouco se comenta sobre eles. 

São exemplos de problema de saúde metal que podem afetar a mulher no pós-parto: transtorno de ansiedade; estresse pós-traumático; psicose puerperal, entre outros. Pouco se sabe ainda das alterações emocionais na gestação, pois ainda há poucas pesquisas a respeito. Como há o ideário de que a mulher grávida está plena e feliz, estudos nessa área ainda são negligenciados, dando maior foco para pesquisas no pós-parto. 

Contudo, temos um elevado número de trabalhos que focam na depressão pós-parto, realizando avaliações somente nesse período, e os trabalhos indicam uma média de 20% das mulheres no mundo manifestando tal problema de saúde mental (Pereira e Lovisi, 2008). 

O Brasil é considerado um país que apresenta maior prevalência de sintomas depressivos no pós-parto quando comparado com países desenvolvidos, entretanto, a maior parte das pesquisas realizados no Brasil levaram em consideração apenas o momento pós-parto, não avaliando durante o período de gestação se os sintomas depressivos já existiam nesse momento. 

Pesquisas recentes que avaliaram os sintomas depressivos desde a gestação até o pós-parto no mesmo grupo de mulheres depois de passado um período de tempo (Pesquisa Longitudinal) indicam que os sintomas de depressão não são mais presentes no pós-parto, mas sim na gestação, no pós-parto a frequência de mulheres com sintomas depressivos diminui (Evans et al., 2009; Silva et al., 2012; Faisal-Cury e Menezes, 2012). 

Outra discussão interessante é que a maioria das mulheres que são classificadas com sintomas de depressão no pós-parto, já apresentavam tais sintomas desde a gestação, ou seja, não se pode falar que essa mulher tem depressão pós-parto, pois só é depressão pós-parto quando de fato os sintomas surgem após o parto e não anteriormente. 

Portanto, seria adequado que gestantes se preocupassem em realizar também uma avaliação de sua saúde mental no período gestacional, não só o pré-natal médico é importante, como também o pré-natal psicológico. Esse último poderia identificar se a mulher apresenta algum problema de saúde mental e trabalhar para que tal quadro não se agrave ou cronifique no pós-parto. 

Referencias

EVANS, J. et al. Cohort study of depressed mood during pregnancy and after childbirth. Br. Med. J., v.323, p.257-260, aug. 2001.

FAISAL-CURY, A; MENEZES, P.R. Antenatal depression strongly predicts postnatal depression in primary health care. Revista Brasileira de Psiquiatria . v.34, n.4, p.446-450, 2012.

PEREIRA, P.K.; LOVISI, G.M. Prevalência da depressão gestacional e fatores associados. Revista Psiquiatria Clínica, v.35, n.4, p.144-153, 2008. 

SCHIAVO, R. A. Desenvolvimento infantil: associação com estresse, ansiedade e depressão materna, da gestação ao primeiro ano de vida. 2016. 15of. Tese [Doutorado em Saúde Coletiva] – Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2016. 

SILVA, R et al. Sociodemographic risk factors of perinatal depression: a cohort study in the public health care system. Revista Brasileira de Psiquiatria, v.42, n.2, p.143-148, jun. 2012.

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